A doação de órgãos no Brasil ainda é motivo de preconceitos e desinformações. Hoje no país, a cada um milhão pessoas, menos de 20 são doadoras de órgãos. O dado foi levantado pela Aliança Brasileira de Doação de Órgãos e Tecidos (ADOTE). Em países como a Espanha, referência mundial em transplantes, cerca de 40 pessoas a cada um milhão são doadoras.
Mais de 50 mil aguardam na fila para serem transplantadas, e desde que a pandemia causada pela Covid-19 chegou, esse número cresceu consideravelmente. Em março de 2020 a situação se agravou ainda mais. Um estudo publicado em setembro de 2021 pela revista científica The Lancet Public Health, revela que o total de transplantados no mundo caiu 16%.
Segundo a Médica Nefrologista do Hospital Nossa Senhora das Graças, Isabela Lage Pimenta, a desinformação e os tabus que ainda envolvem a doação de órgãos são os principais fatores que impendem que vidas possam ser salvas. “A doação de órgãos é fundamental para a manutenção da vida de pessoas que precisam de transplante. Em vida, é possível com as compatibilidades necessárias doar rim, parcialmente o pâncreas, parte do fígado e do pulmão. Já de doadores não vivos podem ser adquiridos rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino”, explica.
Autorização Familiar
De acordo com a Enfermeira Nefrologista e Coordenadora de Enfermagem do Hospital Nossa Senhora das Graças, Cristina Aparecida de Sousa Horta, qualquer pessoa pode ser doadora de órgãos. Para isso, é necessário que seja maior de 18 anos, ter condições de saúde adequadas e passar pela avaliação médica. “É fundamental que o doador informe a família sobre a decisão. Além da doação em vida, é possível doar órgãos após a morte encefálica, quando ocorre a interrupção irreversível das funções cerebrais. Neste caso é obrigatório que a família autorize o procedimento”, informa.
Doenças Silenciosas
A maioria das doenças que prejudicam os rins são silenciosas. Os rins podem perder até 80% de sua função sem que existam sintomas. Hipertensão, diabetes, infecções urinárias de repetição, cálculo renal, entre outras enfermidades podem levar a insuficiência renal crônica. Para que essas doenças não evoluam, é necessário que sejam diagnosticadas e tratadas corretamente.
Cristina afirma que para prevenir essas doenças é indispensável manter hábitos que auxiliam no cuidado com a saúde, como o controle do peso, alimentação saudável, controle da pressão e glicose e realizar exames de rotina todos os anos.
Hoje o Hospital Nossa Senhora das Graças é conhecido como centro de referência em Hemodiálise de Sete Lagoas. Desde 2019 até 2022 foram realizados 12 transplantes de pacientes da instituição com 54 ativos na fila de espera.
Por: Marina Andrade Fontes: Isabela Lage Pimenta, Médica Nefrologista do Hospital Nossa Senhora das Graças Cristina Aparecida de Sousa Horta, Enfermeira Nefrologista e Coordenadora de Enfermagem do Hospital Nossa Senhora das Graças